Ao unir produtores a artistas plásticos locais, Projeto Setorial de Artesanato agrega valor a artesanato local e preprara setor para a Copa do Mundo
Cleonildo Mello
Cerâmica em estilo rústico, da coleção Iraguá, remete à arte indígena
Natal - A coleção Iraguá, dos artesãos da Cooperativa de Produção Artesanal do Potengi, expostas na loja Officina Interiores, foi toda vendida na noite de apresentação do trabalho aos arquitetos e decoradores e à imprensa, na última quinta-feira (08), em Natal. As peças foram confeccionadas na comunidade de Santo Antônio dos Barreiros, no município de São Gonçalo do Amarante.
A iniciativa faz parte do Projeto Setorial do Artesanato, do , que pretende ampliar o faturamento dos artesãos e valorizar a cultura popular com a criação de peças conceituais de alto valor agregado. Inovadoras, as coleções são desenvolvidas a partir de pesquisas iconográficas e etnográficas e orientadas por um artista plástico renomado.
O resultado disso são peças utilitárias e decorativas em sintonia com as tendências do design e alinhadas às exigências de arquitetos e decoradores. Assim, o artesanato potiguar ganha grife e status de arte, já que a coleção leva a assinatura do artista orientador.
A intenção é melhorar a qualidade do artesanato potiguar com vistas a atender à demanda dos turistas estrangeiros que virão ao país para os jogos da Copa do Mundo-FIFA 2014. O Sebrae deverá lançar, a cada ano, três coleções com esse novo conceito, contemplando vários artistas locais e associações de artesãos de diferentes regiões do Rio Grande do Norte.
A coleção Iraguá é composta por sete grupos de peças em argila que remetem à arte indígena de Santo Antônio dos Barreiros. As peças foram confeccionadas sob supervisão do arquiteto e artista plástico Flávio Freitas, que pesquisou o conceito, acompanhou o processo produtivo e orientou o grupo.
A versatilidade é uma das marcas da coleção. Todas as peças podem se desdobrar e ser combinadas com outros materiais, como a madeira, sem perder o conceito. “O objetivo do trabalho foi fazer peças com acabamento rústico, utilitárias ou de decoração. A coleção valoriza o fazer manual, remetendo à arte indígena", diz Flávio Freitas. Na parte iconográfica, o selo com triângulos em preto e branco e o galo estampados as peças criam a identidade visual das peças para associá-las diretamente aos produtores.
“Ficamos surpresos com a receptividade da coleção, que agradou o público que desejávamos atingir”, disse a gestora do Projeto Setorial de Artesanato do Sebrae no Rio Grande do Norte, Jupira Nunes. “Decidimos apostar no regional e tentar trazer para a loja algo da cultura popular. Vemos que muitas cooperativas desenvolvem trabalhos com valor agregado. Temos essa nova visão do design que aproxima o regional do nosso público. Foi excelente a parceria com o Sebrae”, entusiasmou-se uma das proprietárias da Officina Interiores, Larissa Alves.
Com o sucesso das vendas na noite do lançamento, os artesãos da Cooperativa de Produção Artesanal do Potengi sonham com o aumento da produção, das vendas e, principalmente, do faturamento. O grupo de 21 artesãos fatura em média R$ 6 mil por mês. Agora, a expectativa é, pelo menos, dobrar esse valor. “Ficamos surpresos com a repercussão. Tínhamos habilidade com o barro, mas percebemos que criar um conceito faz a diferença porque agrega valor à peça, independente do acabamento. Pode ser rústico e bonito”, enfatizou o presidente da cooperativa, José de Santana.
De acordo com o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae o estado, Sílvio Bezerra, além de cerâmica, serão trabalhadas também peças em fibras, do município de Ceará-Mirim. A assinatura do trabalho será do artista plástico Demétrius Coelho. “Ao assumir o conselho, lancei esse desafio e percebo que está dando certo”, comemorou.
Serviço
Sebrae no Rio Grande do Norte - (84) 3616.7910
Central de Relacionamento Sebrae - 0800 570 0800
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